Nos últimos anos, o número de ações judiciais contra planos de saúde no Brasil aumentou significativamente, refletindo desafios na relação entre consumidores e operadoras. Embora seja essencial garantir que os beneficiários tenham acesso a um atendimento de qualidade, é igualmente importante analisar a situação sob a ótica das empresas do setor, que enfrentam complexidades regulatórias, custos crescentes e interpretações divergentes sobre cobertura assistencial.

O mercado de planos de saúde é rigidamente regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelece as regras de cobertura obrigatória, reajustes e condições contratuais. Muitas das disputas judiciais decorrem da divergência entre o que está previsto nos contratos e as expectativas dos beneficiários. Essa insegurança jurídica afeta diretamente a previsibilidade financeira das operadoras, tornando a gestão dos custos um desafio constante.

Além disso, as operadoras de planos de saúde lidam com uma crescente elevação dos custos assistenciais, impulsionada pelo avanço tecnológico, pela judicialização e pelo aumento da demanda por procedimentos de alto custo. Muitas decisões judiciais determinam coberturas que vão além do rol de procedimentos estabelecido pela ANS, impondo um impacto financeiro significativo ao sistema como um todo. Esse desequilíbrio pode resultar em reajustes mais elevados para todos os consumidores.

Para garantir a sustentabilidade do setor, é fundamental aprimorar o diálogo entre operadoras, consumidores e o poder judiciário. A busca por soluções extrajudiciais, como a mediação de conflitos e o fortalecimento da regulação baseada em evidências técnicas, pode contribuir para tornar o sistema de saúde suplementar mais justo e eficiente.

Defender a sustentabilidade das operadoras de planos de saúde não significa ignorar os direitos dos consumidores, mas sim garantir que o setor continue a oferecer atendimento de qualidade sem comprometer sua viabilidade econômica. O equilíbrio entre as necessidades dos beneficiários e as condições operacionais das empresas é fundamental para que o sistema de saúde suplementar possa continuar atendendo milhões de brasileiros.

 
Sócia Gestora


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