A inovação sustentável enquanto imperativo global traz as chamadas “patentes verdes” como um importante mecanismo de incentivo à criação de tecnologias que promovem a preservação ambiental. A proteção legal dessas invenções voltadas à sustentabilidade desempenha um papel fundamental na transição para um futuro mais ecológico. Contudo, a obtenção e manutenção de patentes nesse setor requer uma abordagem estratégica e atenta aos desafios específicos que surgem no campo.

As patentes verdes referem-se a invenções que, diretamente ou indiretamente, contribuem para a mitigação de impactos ambientais ou para o uso mais eficiente de recursos naturais. Elas abrangem uma vasta gama de inovações, incluindo tecnologias de energias renováveis, processos industriais sustentáveis e materiais ecologicamente corretos. O diferencial dessas patentes está no caráter inovador e no potencial de reduzir o impacto ambiental, elementos essenciais para a transição a uma economia circular.

Tais inovações também estão em harmonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, notadamente aqueles voltados à energia limpa e acessível, à indústria, inovação e infraestrutura, e à ação contra a mudança global do clima.

A proteção legal das patentes verdes desempenha um papel estratégico no incentivo à inovação e na promoção de um mercado mais sustentável. Alguns dos principais benefícios da proteção de patentes nesse campo incluem:

Estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico: Ao garantir direitos exclusivos sobre inovações, as patentes proporcionam segurança jurídica para investimentos contínuos em novas tecnologias verdes.

Aumento da competitividade: Empresas que detêm patentes verdes podem obter vantagens significativas no mercado ao se destacarem por seus produtos e processos sustentáveis.

Facilitação da transferência de tecnologia: Patentes verdes também desempenham um papel essencial na disseminação de inovações, ao permitir que tecnologias sustentáveis sejam licenciadas ou compartilhadas com outras empresas, ampliando o impacto ambiental positivo.

Tais oportunidades, de outro lado, trazem consigo desafios jurídicos na proteção das inovações. Como principais, podemos destacar:

Delimitação do escopo da invenção: A definição do que constitui uma invenção patenteável no campo das energias renováveis pode ser desafiadora, especialmente quando se trata de combinar conhecimentos tradicionais ou processos naturais com novas tecnologias.

Prova de novidade: A novidade é um requisito essencial para a concessão de uma patente. No entanto, com a velocidade dos avanços tecnológicos, provar que uma invenção é genuinamente nova pode ser uma barreira significativa no campo das energias renováveis.

Atividade inventiva: A invenção deve envolver um passo não óbvio para um especialista na área. No setor de energia renovável, no qual as tecnologias estão em constante desenvolvimento, estabelecer essa atividade inventiva é uma tarefa desafiadora.

Questões de natureza jurídica e moral: Inovações que envolvem processos ou materiais de origem natural podem suscitar debates sobre a legalidade da patenteabilidade de certos elementos, especialmente em questões que tocam os limites éticos da exploração da natureza.

Custos e prazos de obtenção de patentes: O processo de obtenção de uma patente pode ser longo e custoso, o que representa um obstáculo considerável, sobretudo para pequenas e médias empresas, bem como inventores independentes.

A proteção das patentes verdes é uma ferramenta jurídica essencial para promover a inovação sustentável e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Entretanto, superar os desafios específicos que envolvem o setor de energias renováveis exige uma abordagem técnica e jurídica especializada. Ao buscar o apoio correto, empresas e inventores podem garantir a proteção de suas invenções, assegurando seu posicionamento no mercado e contribuindo efetivamente para a preservação do meio ambiente.

ㅤ Sócia Coordenadora

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